O Escafandro e a Borboleta: uma história de superação
A liberdade é um dos sentimentos mais poderosos que o homem pode cultivar dentro de si. Mas o que é a aquilo que nos faz ser realmente livres? As prisões, por exemplo, são uma maneira de privar em parte liberdade das pessoas que cometem crimes contra a sociedade. Mas existem outras prisões que cerceiam ainda mais a liberdade de um indivíduo.
A Síndrome do Encarceramento é um dos exemplos mais extremos da privação da liberdade de um indivíduo. Por essa razão o filme homônimo do famoso livro francês “Le Scaphandre et le Papillon”, em português O Escafandro e a Borboleta, recebeu uma especial atenção por retratar a história real e autobiográfica de Jean-Dominque Bauby.
O que é Síndrome do Encarceramento?
A Síndrome do Encarceramento consiste de uma rara condição resultado de um acidente vascular encefálico. Ela se caracteriza por interromper e danificar os nervos responsáveis pelo movimento corporal levando o indivíduo a tetraplegia.
Contudo, apesar de não poder mais controlar o próprio corpo, muito menos sentir qualquer tipo de estímulo, esses pacientes não se encontram em um estado inconsciente. Ou seja, ainda estão conscientes e por isso o nome da síndrome onde a pessoa se encontra encarcerada dentro do seu próprio corpo. Normalmente, pessoas que sofrem desse tipo de paralisia, ainda conseguem movimentar algum dos olhos que se tornam a única maneira de se comunicar com o mundo.
A experiência cinematográfica de O Escafandro e a Borboleta
Nesse filme, dirigido por Julian Schnabel considerado um dos mais autênticos da sua geração e integrante do movimento neoexpressionista, podemos sentir na pele as questões existenciais no decorrer da narrativa.
Estrelado pelo famoso ator francês Mathieu Amalric que interpreta Jean-Dominique Bauby, o filme conta a impressionante reviravolta na vida do protagonista. Desse modo, o espectador se conecta instantaneamente com o drama vivido através da Síndrome do Encarceramento. Desse modo, a narrativa nos leva a refletir vários aspectos da nossa própria existência.
Resenha de O Escafandro e a Borboleta
Em 1995, Jean-Dominique Bauby então editor chefe da prestigiada revista Elle se encontra no que viria ser o momento mais decisivo de sua vida. Ou seja, depois de sofrer um acidente vascular cerebral, Jean desenvolve a Síndrome do Encarceramento, limitando seus movimentos apenas ao olho direito.
Nesse sentido a trama se desenvolve na experiência do protagonista com a sua nova condição física e aquilo que o levou a escrever um livro que se tornaria uma das joias do cinema francês contemporâneo. De fato o filme foi indicado a 4 prêmios Oscar, e vencendo 2 Globo de Ouro.
Contudo, o argumento mais interessantes da narrativa se concentram na maneira de encarar a vida e os seus desafios. Ou seja, como a consciência racional humana é tão poderosa ao ponto transformar um diagnóstico tão severo em um livro e filme tão úteis para a sociedade. Assim, as crises existenciais de Jean-Dominique Bauby e o seu positivismo são peças fundamentais. São elas que consolidam o trabalho impecável do vencedor do Globo de ouro de Melhor Diretor de Julian Schnabel.